sexta-feira, 22 de julho de 2011

III - Fisiologia Cardíaca - 3

3 – Eletrocardiograma e Anormalidades Cardíacas

À medida que o impulso cardíaco se propaga através do coração, as correntes elétricas se espalham pelos tecidos que o circundam e uma pequena parte se propaga até a superfície do corpo. Ao colocar eletrodos sobre a pele, em lados opostos do coração, os potenciais elétricos gerados por essas correntes podem ser registrados. Esse registro é conhecido como eletrocardiograma (ECG).
O eletrocardiograma normal é composto por uma onda P, um “complexo QRS” e uma onda T. O complexo QRS é comumente formado por três ondas distintas, a onda Q, a onda R e a onda S. A onda P é produzida por potenciais elétricos gerados pela despolarização  dos átrios, imediatamente antes de sua contração. O complexo QRS se deve aos potenciais gerados pela  despolarização dos ventrículos, imediatamente antes de sua contração. Assim, tanto a onda P quanto os componentes do complexo QRS são ondas de despolarização. A onda T é devida aos potenciais gerados durante a recuperação dos ventrículos do estado de despolarização, sendo uma onda de repolarização.

Antes que a contração do músculo possa ocorrer, a despolarização deve se propagar através dele para iniciar os processos químicos que levam à contração. A onda P precede ao início da contração dos átrios e a onda Q precede ao início da contração dos ventrículos. Os ventrículos permanecem contraídos por uns poucos milésimos de segundo após a ocorrência da repolarização, ou seja, até após o término da onda T.
O período de tempo entre o início da onda P e o início da onda QRS corresponde ao intervalo entre o início da contração dos átrios e o início da contração dos ventrículos. Esse intervalo também é algumas vezes denominado intervalo P-R, pois a onda Q com frequência está ausente.

- Arritmias cardíacas detectáveis através do eletrocardiograma:

Bloqueio atrioventricular: pode ocorrer em consequência de isquemia das fibras do feixe AV, compressão do feixe AV por tecido cicatricial ou porções calcificadas do coração, inflamação do feixe AV ou estimulação vagal extrema. O bloqueio atrioventricular caracteriza-se eletrocardiograficamente pela supressão de complexos QRS, que deveriam seguir à ondas de despolarização P.
Síndrome de Stokes-Adams – Escape Ventricular: Em alguns pacientes com bloqueio atrioventricular, o bloqueio total aparece e desaparece – isto é, os impulsos são conduzidos dos átrios para os ventrículos por minutos, horas ou dias e então, subitamente, nenhum  impulso é transmitido. Imediatamente após o bloqueio da condução AV, os ventrículos param de contrair-se por 5 a 10 segundos. Então, alguma parte do sistema de Purkinje começa a disparar ritmicamente numa frequência de 15 a 40 vezes por minuto, atuando como um marcapasso ventricular, provocando o que é chamado de batimento de escape ventricular. Como o cérebro não pode permanecer ativo por mais de 4 ou 5 segundos sem o suprimento sanguíneo, os pacientes comumente desmaiam entre o bloqueio da condução e o “escape” dos ventrículos. Esses desmaios periódicos são conhecidos como síndrome de Stokes-Adams.

Contrações prematuras: Uma contração prematura é uma contração do coração que ocorre antes do tempo previsto.

As contrações ventriculares prematuras caracterizam-se por complexos QRS-T anormais de grande amplitude.

Taquicardia paroxística: O termo taquicardia significa frequência cardíaca elevada. Paroxístico é o que o ocorre por acessos repentinos.

Taquicardia ventricular paroxística: predispõe à fibrilação ventricular.


Fibrilação ventricular: Se não for tratada rapidamente, é quase sempre fatal. Caracteriza-se pela simultânea contração e relaxamento de diferentes  partes do músculo cardíaco. Na fibrilação ventricular o ECG é extremamente grotesco e, ordinariamente, não apresenta ritmo regular de nenhuma espécie.

Desfibrilação dos ventrículos por eletrochoque: Embora a corrente alternada de baixa intensidade possa iniciar a fibrilação ventricular, uma corrente elétrica de alta intensidade, aplicada através dos ventrículos por um curto intervalo de tempo, pode interromper a fibrilação, fazendo com que todo o músculo ventricular se torne refratário simultaneamente. Isto é conseguido submetendo o coração à uma diferença de potencial intensa – vários mil volts por uma pequena fração de segundo – através de eletrodos aplicados ao tórax. Todos os impulsos cessam e o coração permanece quiescente por três a cinco segundos, período após o qual começa novamente a bater, com o nodo SA ou outra parte do coração funcionando como marcapasso.  

Fibrilação atrial: O mecanismo da fibrilação atrial é idêntico ao da fibrilação ventricular, exceto que o processo ocorre na massa atrial. Uma causa  frequente para a fibrilação atrial é o aumento da cavidade atrial resultante de lesões das valvas cardíacas, que impedem que os átrios se esvaziem adequadamente. A fibrilação atrial também pode ser  resultante de insuficiência ventricular, com excessivo represamento de sangue nos átrios. Durante a fibrilação atrial, os átrios também não bombeiam sangue, ficando inutilizados na sua função de bombas de reforço para os ventrículos. Entretanto, em contraste com a fibrilação ventricular, uma pessoa pode viver por meses, ou mesmo anos, com fibrilação atrial, embora com a eficiência do bombeamento cardíaco reduzida. Na fibrilação atrial não se observam ondas P no ECG. 















Onda P – Despolarização Atrial

Intervalo P-R – Intervalo de Tempo, começo da despolarização atrial até começo da despolarização ventricular

Complexo Ventricular QRS – Despolarização dos Ventrículos

Onda Q – Despolarização Septal (Deflexão P/A Baixo)

Onda R – Despolarização Ventricular (Deflexão P/A Cima)

Onda S – 1ª Deflexão Negativa seguinte a onda R. Despolarização da região basal posterior do ventrículo E.

Onda T – Repolarização dos Ventrículos.

Segmento S-T – Período de inatividade elétrica depois do miocardio estar despolarizado.

Onda U – Segue a onda T originada pelos potenciais tardios do início da diástole.
Intervalo Q-T – Tempo necessário para despolarização e repolarização dos ventrículos.

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