quarta-feira, 27 de julho de 2011

V - Fisiologia Gastrointestinal - 1

                            
1 – Movimentação do Alimento Através do Trato, Controle Nervoso e Fluxo Sanguíneo

O trato gastrintestinal possui um sistema nervoso próprio, o sistema nervoso entérico, que se inicia no esôfago e estende-se até o ânus. O número de neurônios nesse sistema é de cerca de cem milhões, quase exatamente o mesmo que em toda a medula espinhal; isso indica a importância do sistema nervoso entérico para o controle da função gastrintestinal.
O sistema entérico é composto principalmente de dois plexos: um plexo externo, denominado mioentérico ou de Auerbach, e um plexo interno, denominado submucoso ou de Meissner. O plexo mioentérico controla principalmente os movimentos gastrintestinais e o plexo subsõamucoso controla a secreção epitelial gastrintestinal e o fluxo sanguíneo local.
As fibras simpáticas e parassimpáticas se conectam tanto com o plexo mioentérico como com o plexo submucoso. Embora o sistema nervoso entérico possa funcionar sozinho, a estimulação dos sistemas parassimpático e simpático pode causar ativação ou inibição adicional das funções gastrintestinais. A acetilcolina, na maioria das vezes, excita a atividade gastrintestinal.
A norepinefrina, por outro lado, quase sempre inibe a atividade gastrintestinal. Quase todas as fibras parassimpáticas que se dirigem ao trato gastrintestinal são ramificações do nervo vago. Quando estimuladas, aumentam a atividade de todo o sistema nervoso entérico, o que significa aumento da atividade da maioria das funções gastrintestinais. As fibras simpáticas que inervam o trato gastrintestinal originam-se na medula espinhal entre os segmentos T5 e L2. Em geral, a estimulação do sistema nervoso simpático inibe a atividade do trato gastrintestinal, causando efeitos essencialmente opostos aos do sistema parassimpático.
No trato gastrintestinal ocorrem dois tipos básicos de movimento: propulsivos e de mistura. O movimento propulsivo é caracterizado pelo peristaltismo, no qual um anel contrátil surge ao redor do intestino e, depois, move-se para adiante. Os movimentos de mistura são diferentes nas diversas partes do tubo alimentar. O processamento do alimento na boca ocorre principalmente através da mastigação, onde o alimento é cortado e triturado pelos dentes.
A maioria dos músculos da mastigação é inervada pelo ramo mandibular do trigêmeo. A mastigação auxilia na digestão do alimento por uma simples razão: como as enzimas digestivas atuam apenas nas superfícies das partículas alimentares, a velocidade da digestão depende muito da área total da superfície exposta às enzimas.
Durante a deglutição, o alimento passa para a faringe e desta para o esôfago. O palato mole é empurrado para cima, fechando a parte posterior das narinas. A epiglote movimenta-se para baixo fechando a laringe.
As funções motoras do estômago são três: armazenamento de grandes quantidades de alimento até que possam ser processadas no duodeno, mistura desse alimento com as secreções gástricas até formar-se uma mistura semilíquida denominada quimo e lenta passagem do alimento do estômago para o intestino delgado, em velocidade apropriada para que este realize adequadamente a digestão e a absorção.
Os sucos digestivos do estômago são secretados pelas glândulas gástricas, que recobrem quase toda a parede do corpo do estômago. Os vasos sanguíneos do sistema gastrintestinal fazem parte de um sistema amplo denominado circulação esplâncnica. O sistema está disposto de tal modo que todo o sangue que passa pelo intestino, pelo baço e pelo pâncreas flui para o fígado, através da veia porta.
No fígado, o sangue passa por milhões de finos sinusóides hepáticos e, por fim, sai pelas veias hepáticas, que desaguam na veia cava inferior. Esse fluxo sanguíneo secundário pelo fígado permite que as células reticuloendoteliais que revestem os sinusóides hepáticos removam bactérias e outras partículas que possam ter entrado no sangue provenientes do trato gastrintestinal, evitando assim que agentes potencialmente prejudiciais tenham acesso direto ao restante do corpo.
Nos sinusóides hepáticos, as células parenquimatosas principais do fígado, os hepatócitos, absorvem do sangue e armazenam temporariamente de metade a três quartos de todas as substâncias nutrientes absorvidas. Boa parte do processamento intermediário dessas substâncias ocorre também no fígado.
Em condições normais, o fluxo sanguíneo em cada área do trato gastrintestinal está diretamente relacionado ao nível da atividade local. Por exemplo, após uma refeição, há aumento da atividade motora, da atividade secretora e da atividade de absorção.
A estimulação dos nervos parassimpáticos que se dirigem ao estômago e à porção inferior do cólon aumenta o fluxo sanguíneo local, ao mesmo tempo que aumenta a secreção glandular. Uma estimulação simpática exerce o efeito oposto.

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