domingo, 31 de julho de 2011

VI - Fisiologia Renal - 1 - Líquidos Corporais

1 – Líquidos: Extracelular e Intracelular e Edema

Em condições de equilíbrio dinâmico, como as exigidas para a homeostasia, o volume total dos líquidos corporais, as quantidades totais de solutos e suas concentrações permanecem relativamente constantes. A ingestão de água é contrabalançada pela sua utilização pelo organismo.
A evaporação de líquido pelo trato respiratório e a difusão através da pele constituem as denominadas perdas insensíveis. O restante das perdas ocorre principalmente através das fezes, do suor e da urina excretada pelos rins, constituindo as perdas sensíveis de água.
Os líquidos corporais totais encontram-se distribuídos em dois compartimentos principais: o líquido extracelular e o líquido intracelular.
Por sua vez, o líquido extracelular é subdividido em líquido intersticial e plasma sanguíneo. No ser humano adulto a água corresponde a cerca de 60% da massa corporal. À medida que o indivíduo envelhece, a porcentagem de líquido em relação à massa corporal diminui gradualmente. O líquido contido em cada célula tem sua própria mistura de diferentes constituintes; todavia, as concentrações destas substâncias são semelhantes, se compararmos uma célula com as demais. Os líquidos extracelulares possuem aproximadamente a mesma composição, exceto pelas proteínas, que são encontradas em maior concentração no plasma.
O sangue contém tanto líquido extracelular (o líquido do plasma) quanto líquido intracelular (o líquido contido nos eritrócitos). Todavia, o sangue é considerado como um líquido separado, uma vez que é contido numa câmara própria: o sistema circulatório. O volume sanguíneo é especialmente importante no controle da dinâmica cardiovascular. 
O hematócrito é a fração do sangue constituída pelos eritrócitos.
Como o plasma e o líquido intersticial são separados apenas pelas membranas altamente permeáveis dos capilares, suas composições iônicas são semelhantes. Entretanto, o plasma apresenta maior concentração de proteínas. 
O líquido intracelular é separado do líquido extracelular por uma membrana celular seletiva, que é altamente permeável à água, mas não à maioria dos eletrólitos existentes no organismo. Essa seletividade da membrana celular mantém a composição líquida no interior das células, que, como já dissemos,  é semelhante nas diferentes células do organismo.
Em contraste com o líquido extracelular, o líquido intracelular contém apenas pequenas quantidades de íons sódio, cloro e quase nenhum cálcio. Inversamente, contém grandes quantidades de íons potássio e fósforo.
As quantidades relativas de líquido extracelular distribuída entre o plasma e os espaços intersticiais são determinadas principalmente pelo equilíbrio das forças hidrostática e coloidosmótica através da membrana capilar. Por outro lado, a distribuição de líquido entre os compartimentos intracelular e extracelular é determinada principalmente pelo efeito osmótico dos solutos que atuam através da membrana celular. As membranas celulares são altamente permeáveis à água, de modo que o líquido intracelular permanece isotônico em relação ao líquido extracelular.
A osmose refere-se à difusão efetiva de água de uma região onde ela existe em alta concentração, para uma região onde esta concentração é menor. O número total de partículas numa solução é medido em termos de osmols. Um osmol é igual a 1 mol de partículas de soluto. Quando uma molécula sofre dissociação em dois íons, como ocorre com o cloreto de sódio ao sofrer ionização, a solução contendo 1 mol/litro passa a ter uma concentração osmótica de 2 osm/litro.
A concentração osmolar de uma solução é denominada osmolalidade quando expressa em osmoles por quilograma de água; e é denominada osmolaridade, quando expressa em osmoles por litro de solução. A osmose de moléculas de água através de uma membrana seletivamente permeável pode ser impedida pela aplicação de uma pressão em sentido oposto ao da osmose.
A quantidade precisa de pressão necessária para impedir a osmose é denominada pressão osmótica. Quando uma célula é colocada numa solução de igual concentração ou isotônica, o volume da célula permanece inalterado. Quando uma célula é colocada numa solução de menor concentração, o volume da célula aumenta. Quando uma célula é colocada numa solução de maior concentração, o volume da célula diminui.
Quando uma solução salina isotônica ao líquido extracelular é adicionada a ele, não ocorre osmose através das membranas celulares. Quando adiciona-se uma solução hipertônica ao líquido extracelular, ocorre osmose de água das células para o compartimento extracelular. Quando uma solução hipotônica é adicionada ao líquido extracelular, parte da água extracelular difunde-se para o interior das células até que os compartimentos intracelular e extracelular tenham a mesma osmolaridade.
Na administração de soluções por via venosa com o objetivo de proporcionar nutrição a indivíduos que não podem ingerir quantidades adequadas de alimentos, as concentrações de substâncias osmoticamente ativas devem ser ajustadas para tornar as soluções quase isotônicas; ou então devem ser administradas com lentidão suficiente para não comprometer o equilíbrio osmótico dos líquidos corporais.
O edema refere-se à presença de líquido em excesso nos tecidos corporais. Na maioria dos casos, o edema ocorre no compartimento de líquido extracelular. 
Duas condições favorecem  o edema intracelular: a depressão dos sistemas metabólicos dos tecidos e a falta de nutrição adequada para as células. Além disso, pode ocorrer edema intracelular em tecidos inflamados.
No caso de edema extracelular, duas causas gerais se fazem presentes: o extravasamento anormal de líquido do plasma para os espaços intersticiais através dos capilares e a incapacidade dos vasos linfáticos drenarem o líquido do interstício de volta ao sangue.
     O extravasamento de líquidos e proteínas para o espaço intersticial é aumentado pelos seguintes fatores:
(1) aumento da pressão capilar;    
(2)diminuição das proteínas plasmáticas, causando redução da pressão coloidosmotica do plasma; 
(3) aumento da permeabilidade capilar, o  que   permite o extravasamento   excessivo  de  proteínas   e   de     líquidos através dos poros. 
O bloqueio linfático é um quarto fator que leva à formação de edema intersticial.

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