sábado, 30 de julho de 2011

V - Fisiologia Gastrointestinal - 4

4 – Distúrbios Gastrintestinais

Gastrite: O termo gastrite significa inflamação da mucosa gástrica. Em alguns casos, a gastrite pode ser aguda e grave, com escoriação ulcerativa da mucosa gástrica pelas secreções pépticas do próprio estômago. Pesquisas recentes sugerem que boa parte dos casos de gastrite é possivelmente causada por uma infecção bacteriana crônica por Helicobacter pylori. Tal infecção é tratada com sucesso pela administração de um esquema intensivo de medicamentos anti-bacterianos como o metronidazol e o bismuto.
Algumas substâncias têm efeito irritativo sobre a mucosa gástrica causando gastrite aguda ou crônica. Dessas substâncias, as duas mais comuns são o álcool e a aspirina.

Atrofia gástrica: Em muitos portadores de gastrite crônica, a mucosa gradualmente se atrofia até restar pouca ou nenhuma atividade das glândulas gástricas. A perda das secreções gástricas na atrofia do estômago causa acloridria e, ocasionalmente, anemia perniciosa.
Em geral, quando o ácido não é secretado, a pepsina também não é secretada, e, ainda que o seja, a ausência de ácido impede seu funcionamento porque a pepsina exige meio ácido para sua atividade.
Assim, quando há acloridria, resulta na perda de quase toda a função digestiva do estômago.

Anemia perniciosa na atrofia gástrica: A anemia perniciosa freqüentemente acompanha a acloridria e a atrofia gástrica. A deficiência do fator intrínseco de Castle e a incapacidade de utilizar a vitamina B12 provoca insuficiência na maturação das hemácias na medula óssea, resultando em anemia perniciosa.

Úlcera péptica: Uma úlcera péptica é uma área escoriada da mucosa, causada pela ação digestiva do suco gástrico. Os locais mais afetados são a primeira porção do duodeno e a parte terminal do estômago. 
A úlcera péptica é causada por uma secreção excessiva de suco gástrico em relação ao grau de proteção da mucosa do estômago, no duodeno, resulta da insuficiência da neutralização do ácido gástrico pelos sucos duodenais. Além da proteção da mucosa pelo muco, o duodeno normalmente é protegido pela alcalinidade da secreção pancreática, pela bile e pelas secreções provenientes das grandes glândulas de Brunner situadas na primeira porção do duodeno.  Essas secreções contém grande quantidade de bicarbonato de sódio, que neutraliza o ácido clorídrico do suco gástrico, inativando assim a pepsina e impedindo a digestão da mucosa duodenal.
À semelhança com a gastrite, as principais causas específicas de úlcera péptica no ser humano são a infecção crônica pelo Helicobacter pylori e o aumento da secreção dos sucos ácido-pépticos. No entanto, nota-se que a simples presença do Helicobacter pylori não é determinante para o aparecimento de gastrite ou úlcera, não sendo recomendável o tratamento com antibióticos no caso de pacientes assintomáticos. Existindo a úlcera, o tratamento inclui o uso de antibióticos como a tetraciclina, medicamentos supressores da produção de ácido, particularmente a ranitidina, e drogas anti-histamínicas que bloqueiam o efeito estimulante da histamina sobre os receptores H2 das glândulas gástricas.

Disabsorção no Intestino Delgado – Espru: Ocasionalmente, as substâncias nutrientes não são absorvidas de maneira adequada pelo intestino delgado, embora o alimento seja bem digerido. As doenças que causam redução da capacidade de absorção da mucosa recebem a denominação genérica de espru. Um tipo de espru, conhecido como doença celíaca (em crianças), resulta dos efeitos tóxicos do glúten, uma proteína presente em grãos de trigo e centeio.
Nas pessoas suscetíveis, o glúten causa a destruição das vilosidades, talvez como conseqüência de uma reação imunológica ou alérgica. A remoção do trigo ou do centeio da dieta, principalmente nas crianças com essa doença, não raro produz uma cura aparentemente milagrosa, em questão de semanas. Nas etapas iniciais do espru, a absorção de gorduras está mais prejudicada do que a absorção de outros produtos da digestão.
A gordura aparece nas fezes quase inteiramente sob a forma de sabões, e não como gordura neutra não-digerida. Nessa fase do espru, a afecção é muitas vezes denominada esteatorréia idiopática, o que significa simplesmente excesso de gordura nas fezes.
Nos casos mais graves de espru, ocorre grande redução na absorção de proteínas, carboidratos, cálcio, vitamina K, ácido fólico, vitamina B12 e outras substâncias.

Constipação: A constipação consiste no movimento vagaroso das fezes ao longo do intestino grosso, geralmente associada a grande quantidade de fezes no cólon ascendente. Essas fezes se tornam secas e endurecidas, em função da perda de líquido, resultado da sua permanência por tempo excessivo nos intestinos. 
Uma causa freqüente de constipação são os hábitos intestinais irregulares.

Diarréia: A diarréia, que é o inverso da constipação, resulta do rápido deslocamento da matéria fecal ao longo do intestino grosso. A principal causa de diarréia são as infecções do trato gastrintestinal, denominadas enterites. É um mecanismo importante para livrar o tubo intestinal de infecções.
De particular interesse é a diarréia causada pelo cólera. A toxina do cólera estimula diretamente a liberação excessiva de  líquido e a perda de eletrólitos pelas criptas de Lieberkuhn no  íleo distal e no cólon. O elemento mais importante do tratamento é simplesmente a reposição de líquido e eletrólitos na mesma velocidade com que são perdidos.

Vômito: O vômito é o meio pelo qual a porção superior do trato digestivo se livra de seu conteúdo, quando o tubo digestivo sofre irritação, distensão ou mesmo excitação excessiva. Sinais nervosos aferentes são transmitidos por vias aferentes vagais e simpáticas até o centro do vômito no tronco cerebral. São então produzidas reações motoras automáticas que causam o vômito.








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