quinta-feira, 18 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 8

8 – Gravidez e Parto     

Quando ocorre a ovulação, o óvulo é expelido diretamente para a cavidade peritoneal, onde é capturado pelas franjas das tubas uterinas, sendo levado para seu interior. A fertilização do óvulo ocorre, normalmente, quando ele se acha no início de seu trajeto pela tuba uterina. Em três a quatro dias, o óvulo, já fecundado, é  transportado ao longo da tuba até a cavidade do útero. Durante esse transporte, ele passa por várias etapas de divisão, e, após chegar ao útero,  transforma-se em mórula e blastocisto.
Após chegar ao útero, a mórula e, depois, o blastocisto em desenvolvimento permanecem na cavidade uterina por mais dois a cinco dias antes de ocorrer a implantação no endométrio, o que significa que a implantação se dá geralmente no sétimo ou oitavo dia após a ovulação. A implantação decorre da ação das células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície do blastocisto.
Após ocorrer a implantação, as células trofoblásticas e as células blastocísticas subjacentes proliferam rapidamente; e, juntamente com células do endométrio materno, elas formam a placenta e as diversas membranas próprias da gravidez. A principal função da placenta é a de possibilitar a difusão de substâncias alimentares do sangue da mãe para o do feto e a difusão dos produtos de excreção do feto para a mãe.
A placenta também realiza o transporte de oxigênio da mãe para o feto e de dióxido de carbono do feto para a mãe. Na gravidez, a placenta forma gonadotrofina coriônica humana, estrogênios, progesterona e somatomamotropina coriônica humana. A gonadotrofina coriônica humana provoca a persistência do corpo lúteo e impede a ocorrência da menstruação.
A presença no útero de um feto em crescimento significa para a mãe uma carga fisiológica extra, e grande parte da resposta do corpo  materno à gravidez, como o aumento do peso corporal, decorre desse aumento de carga. Entre os efeitos especiais incluem-se o aumento do débito cardíaco, devido ao aumento do fluxo sanguíneo através da placenta; o aumento do fluxo sanguíneo da mãe e a presença do líquido amniótico.

Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia: A pré-eclâmpsia ocorre nos últimos quatro meses da gravidez e está associada à hipertensão, proteinúria e edema. A eclâmpsia é bem mais grave que a pré-eclâmpsia, caracterizando-se por extrema espasticidade vascular em todo o corpo, convulsões clônicas seguidas de coma, grande diminuição do débito renal, mau funcionamento do fígado, frequentemente hipertensão extrema e um estado tóxico generalizado do corpo.
Ocorre em geral pouco antes do parto. Sem tratamento, uma porcentagem muito alta das pacientes eclâmpticas vem a falecer. Entretanto, com o uso adequado e imediato de substâncias vasodilatadoras de ação rápida, para normalizar a pressão arterial, e a interrupção imediata da gravidez – por operação cesariana, reduziu a mortalidade foi reduzida para 1% ou menos.

Parto: O aumento da contratilidade uterina próximo ao termo pode ser explicado por alterações hormonais progressivas que causam maior excitabilidade da musculatura uterina.  O principal hormônio responsável pelo aumento das contrações uterinas é a ocitocina, liberada pela hipófise posterior. Durante a maior parte da gravidez, o útero apresenta episódios periódicos de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de Braxton Hicks. Essas contrações tornam-se cada vez mais fortes no período que antecede o parto e durante o parto.
O trabalho de parto é dividido em três períodos: período de dilatação, período expulsivo e período de dequitação ou secundamento. Durante as primeiras quatro a cinco semanas que se seguem ao parto, o útero involui. Nesse período de involução ocorrem os lóquios(corrimento vaginal inicialmente sanguinolento e depois seroso) que persistem por cerca de uma semana e meia. 
O hormônio prolactina estimula o início da lactação.


IX - Endocrinologia e Reprodução - 7

 7 – Fisiologia Feminina Antes da Gravidez e os Hormônios Femininos 

Nos meados de cada ciclo mensal, normalmente um único óvulo é expelido para a cavidade abdominal por um folículo ovariano. Esse óvulo segue, então, até o útero, após ser captura pelas franjas das das tubas uterinas e, caso tenha sido fertilizado por um espermatozóide, implanta-se no útero, onde se transforma num feto, com placenta e membranas fetais. À época da puberdade, os dois ovários contêm 300.000 a 400.000 óvulos. Cada óvulo é circundado por uma camada única de células e é denominado folículo primordial.
Durante todo o período reprodutivo da mulher, apenas cerca de 400 desses folículos se desenvolvem o suficiente para expelir seus óvulos, enquanto os demais degeneram. À época do final do período reprodutivo, que é denominado menopausa, apenas alguns folículos primordiais permanecem nos ovários e degeneram logo depois. No sistema hormonal feminino, o hipotálamo produz o hormônio liberador de gonadotropinas que estimulam a hipófise anterior a produzir o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH).
Os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona são produzidos pelos folículos em resposta aos hormônios liberados pela hipófise anterior. A duração completa do ciclo hormonal é, em média, de 28 dias. O início dos ciclos mensais ocorre entre os 11 e 15 anos de idade. 
No início de cada mês do ciclo feminino, imediatamente após a menstruação, a concentração do hormônio hipofisário FSH aumenta. Ocorre um progressivo aumento do estrogênio, que atinge o seu nível máximo às vésperas da ovulação. Na mulher que apresenta um ciclo sexual regular, a ovulação ocorre 14 dias após o início da menstruação. Aproximadamente dois dias antes da ovulação a secreção de LH pela hipófise anterior aumenta acentuadamente elevando-se de 6 a 10 vezes. Simultaneamente, o FSH aumenta cerca de duas vezes, é quando ocorre a liberação do óvulo. A massa de células da granulosa que permanece no ovário no local da ruptura do folículo transforma-se no corpo lúteo.
Ele então secreta grandes quantidades de progesterona e estrogênio, principalmente progesterona. Após os dias da fase lútea do ciclo ovariano, a grande quantidade de estrogênio e progesterona secretada pelo corpo lúteo causa efeito de feedback negativo sobre o hipotálamo, reduzindo a secreção de LH e FSH. Segue-se então um novo ciclo ovariano. 
Os estrógenos e as progestinas constituem os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos.
O mais importante dos estrógenos é o estradiol, e a progestina mais importante é a progesterona. Os estrógenos promovem principalmente a proliferação e o crescimento de células corporais especificamente ligadas às características secundárias femininas. Por sua vez, as progestinas destinam-se quase totalmente à manutenção das condições endometriais que viabilizem o abrigo de uma gravidez e à preparação das mamas para a amamentação.







IX - Endocrinologia e Reprodução - 6

6 – Funções Reprodutivas Masculinas. Os Hormônios Sexuais Masculinos 

As funções reprodutivas masculinas podem ser divididas em três subníveis: a  espermatogênese, o ato sexual masculino e a regulação das funções sexuais masculinas por diversos hormônios. A espermatogênese ocorre em todos os túbulos seminíferos durante a vida sexual ativa, como consequência da estimulação pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior.
A espermatogênese começa por volta dos 13 anos e continua pelo resto da vida. Os túbulos seminíferos contêm grande número de células epiteliais germinativas denominadas espermatogônias. Uma parte delas se diferencia para formar os espermatozóides. Após sua formação nos túbulos seminíferos, os espermatozóides passam para o epidídimo. Uma pequena quantidade de espermatozóides pode ser armazenada no epidídimo, mas a maior parte deles fica no canal deferente. As vesículas seminais são glândulas secretoras de material mucóide contendo muita frutose, ácido cítrico e outros nutrientes.
Durante o processo da ejaculação, cada vesícula seminal lança seu conteúdo no ducto ejaculatório, logo após o canal deferente ter aí expelido os espermatozóides. Isso aumenta muito o volume do sêmen ejaculado. A glândula prostática secreta um líquido importante para o acesso do espermatozoide ao óvulo. É provável que o líquido prostático neutralize a acidez da secreção vaginal.
O sêmen, que é ejaculado durante o ato sexual masculino, é constituído pelos líquidos oriundos do canal deferente, das vesículas seminais, da próstata e das glândulas mucosas, especialmente as glândulas bulbouretrais. Ao ser expelido do folículo ovariano para a cavidade abdominal e para as tubas uterinas, o óvulo apresenta múltiplas camadas de células.
Antes de poder fertilizar o óvulo, o espermatozóide deve, primeiro, atravessar a camada de células da granulosa e, depois, penetrar no espesso revestimento do óvulo propriamente dito, a zona pelúcida. O acrossomo do espermatozóide libera, então, a enzima hialuronidase que abre espaço entre as células da granulosa de modo que o espermatozóide possa chegar até o óvulo.

A ação massageadora do ato sexual sobre a glande estimula os órgãos terminais sensitivos, enquanto os sinais sexuais genitais, por sua vez, transitam pelo nervo pudendo, e daí para a porção sacra da medula espinhal, por meio do plexo sacro, subindo, por fim, pela medula, até o cérebro. Os impulsos também podem chegar à medula espinhal a partir de áreas adjacentes ao pênis para auxiliar na estimulação do ato sexual.
 Estímulos psíquicos desencadeiam os processos que permitem a  realização do ato sexual.  Mesmo sem intervenção cerebral, a medula, através de mecanismos reflexos próprios, é suficiente para a realização das etapas do ato sexual. A ereção é a primeira consequência da estimulação sexual masculina. Ela é comandada por sinais  dos nervos parassimpáticos.
Os sinais parassimpáticos dilatam as artérias do pênis, assim permitindo que o sangue arterial flua com alta pressão para o tecido erétil do pênis. A ejaculação é uma função nervosa simpática. Quando o estímulo sexual se torna extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal começam a emitir impulsos simpáticos, que deixam a medula através de L1 e L2 e chegam aos órgãos genitais. 
Os testículos secretam vários hormônios sexuais masculinos, que são coletivamente denominados androgênios.
O mais significativo é a testosterona, responsável pelos efeitos hormonais e pelas características corporais tipicamente masculinos. A testosterona é formada pelas células intersticiais de Leydig, situada nos interstícios entre os túbulos seminíferos.        Os testículos geralmente descem para o escroto durante os últimos dois ou três meses de gravidez, quando estão secretando quantidade adequada de testosterona.
Quando uma criança do sexo masculino nasce com testículos que não desceram, a administração de testosterona frequentemente faz que isso ocorra da maneira habitual, desde que os canais inguinais sejam suficientemente largos para permitir a passagem dos testículos. A testosterona possui efeitos sobre a distribuição dos pelos corporais, sobre a calvície, sobre a voz, sobre a pele, sobre a formação de proteínas e o desenvolvimento muscular, sobre o crescimento ósseo e sobre as hemácias.
A glândula hipófise anterior secreta dois hormônios gonadotrópicos principais: o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). Ambos desempenham papéis importantes no controle da função sexual masculina. O LH estimula as células intersticiais de Leydig a produzirem testosterona. A conversão das espermatogônias em espermatócitos nos túbulos seminíferos é estimulada pelo FSH. A regulação da secreção hipofisária de LH e FSH é feita pelo hipotálamo através do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).





quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 5

5 – Hormônio Paratireoideo(PTH), Calcitonina, Metabolismo do Cálcio e Fosfato, Vitamina D e  Ossos. 
A fisiologia dos hormônios paratireóideo e calcitonina está estreitamente relacionada com o metabolismo do cálcio e do fosfato, às funções da vitamina D e à formação dos dentes e ossos.  As principais fontes de cálcio na dieta são o leite e seus derivados, que também são grandes fontes de fosfato.

O cálcio, devido à insolubilidade de muitos de seus compostos,  é mal absorvido pelo tubo intestinal, ao contrário do fosfato que, com exceção dos casos em que existe excesso de cálcio na dieta, é bem absorvido. A vitamina D,  exerce efeito na  absorção de cálcio pelo tubo intestinal e também tem efeitos importantes tanto sobre a deposição, quanto sobre a reabsorção óssea. Essa ação da vitamina D se dá após sua conversão, em 1,25-diidroxicolecalciferol,  por ação hepática e renal.  Quando a concentração de íons cálcio no líquido extracelular cai abaixo do normal, o sistema nervoso vai se tornando progressivamente mais excitável, em razão da maior permeabilidade da membrana neuronal aos íons sódio, o que facilita o início dos potenciais de ação.
A hipocalcemia, quando a concentração de cálcio se torna inferior a 65% da normal, produz o fenômeno conhecido como tetania, caracterizada por contrações musculares, provocadas por descargas espontâneas de fibras nervosas, tornadas  hiperexcitáveis pela ausência da concentração suficiente do íon.
 Hipercalcemia - Quando o nível de cálcio nos líquidos corporais se eleva acima do normal, o sistema nervoso fica deprimido e as atividades reflexas do sistema nervoso central tornam-se mais lentas.
O osso é composto por uma resistente matriz orgânica que é  fortalecida por depósitos de sais de cálcio. O osso está sendo continuamente depositado pelos osteoblastos e continuamente absorvido pelos osteoclastos. A fratura de um osso ativa ao máximo os osteoblastos periósteos e intra-ósseos envolvidos no osso fraturado.


A manutenção da adequada concentração de cálcio extracelular é controlada pelo hormônio paratormônio (PTH), secretado pelas glândulas paratireoideas. 
Normalmente, existem quatro glândulas paratireóideas no ser humano, elas estão localizadas geralmente atrás da glândula tireoide. Sabe-se que o aumento da atividade da glândula paratireóidea causa uma rápida absorção dos sais de cálcio presentes nos ossos, acarretando aumento da concentração de cálcio no líquido extracelular; inversamente, a hipofunção das glândulas paratireóideas causa hipocalcemia, frequentemente acompanhada de tetania.

A calcitonina, secretada pela glândula tireóide, tem efeitos  opostos ao hormônio paratiroideo,  diminuindo a concentração sanguínea de íons cálcio. 
Quando as glândulas paratireóides não secretam o hormônio paratireóideo em quantidade suficiente, os osteoclastos tornam-se quase totalmente inativos. Como consequência, a reabsorção óssea diminui tanto, que o nível de cálcio nos líquidos corporais fica reduzido. O tratamento é feito com paratormônio, vitamina D e cálcio.
O raquitismo (mineralização insuficiente dos ossos) ocorre principalmente em crianças, manifestando-se como resultado de uma deficiência de cálcio e, principalmente, de fosfato, no líquido extracelular. Ordinariamente, entretanto, o raquitismo não se deve à carência de cálcio ou fosfato na dieta, mas sim à deficiência de vitamina D. 
A osteoporose é a mais comum de todas as doenças ósseas em adultos, especialmente na velhice.
Entre as causas mais comuns de osteoporose encontram-se a desnutrição e a deficiência na secreção de estrogênios, pós-menopausa.









terça-feira, 16 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 4

4 – Insulina, Glucagon e Diabetes Melito

Além das secreções digestivas, o pâncreas produz dois hormônios importantes, a insulina e o glucagon. No pâncreas detectam-se dois tipos de estruturas: os ácinos, que secretam sucos digestivos para o duodeno; e as ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon diretamente para o sangue. As ilhotas de Langerhans apresentam três tipos de células: alfa, beta e delta.
As células beta secretam insulina, as células alfa secretam glucagon e as células delta secretam somatostatina, que exerce função inibitória tanto do hormônio do crescimento(GH) ou somatotrofina, quanto do TSH (hormônio estimulante da tireóide).

A insulina ativa os receptores das células-alvo, tornando suas membranas altamente permeáveis à glicose.
Imediatamente após uma refeição rica em carboidratos, a elevação da glicose no sangue causa uma rápida secreção de insulina. Esta, por sua vez, promove a captação, o armazenamento (no fígado e no tecido adiposo) e a rápida utilização (cujos efeitos são notados principalmente na função muscular) da glicose por todos os tecidos corporais.
Quando os músculos não estão sendo exercitados durante o período subsequente às refeições, parte da glicose que está sendo transportada em abundância para as células musculares é armazenada sob a forma de glicogênio muscular, para posterior utilização.  Um dos efeitos da insulina é fazer com que a maior parte da glicose absorvida após uma refeição seja rapidamente armazenada no fígado, sob a forma de glicogênio.
Assim, o fígado, funciona como um sistema tampão da glicose  sanguínea, removendo glicose do sangue quando ela está  em maior concentração, logo após uma refeição, e a devolvendo ao sangue, quando sua concentração sanguínea cai entre as refeições. Com relação à insulina, o cérebro responde de forma diversa dos demais tecidos do corpo, visto que nele a insulina exerce pouco ou nenhum efeito sobre a captação ou a utilização da glicose. Isso se deve ao fato das células cerebrais serem permeáveis à glicose e poderem utilizá-la sem a intermediação da insulina. As células cerebrais utilizam a glicose com fins exclusivamente energéticos. 
Por esta razão, é importante que o nível sanguíneo de glicose seja mantido dentro de certos parâmetros. Quando a glicemia  cai em demasia, aparecem os sintomas da  hipoglicemia, caracterizada por tremores, irritabilidade nervosa progressiva, possibilidade de desfalecimento, convulsões e mesmo coma. Na ausência de insulina, o organismo ativa mecanismos que promovem a degradação e utilização da gordura para fornecimento de energia. 
A concentração sanguínea de glicose e a secreção de insulina apresentam uma relação de feedback positivo. Quando a glicemia aumenta, a secreção de insulina aumenta rapidamente.

O glucagon exerce funções opostas às da insulina. A mais significativa delas é seu efeito de aumentar a concentração sanguínea de glicose, retirando-a das reservas do fígado  e dos músculos (por glicogenólise ou gliconeogênese). Uma injeção de glucagon purificado produz intenso efeito hiperglicêmico. O aumento da glicose sanguínea inibe a secreção de glucagon.

Em pessoas normais, a concentração sanguínea de glicose é mantida dentro de limites muito estreitos, em geral na faixa de 80 a 100 mg/dl,  quando em jejum, podendo chegar a 140 mg/dl após uma refeição. 

O diabetes melito decorre da diminuição da secreção de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans. Deve ser considerada a importância da herança genética no aparecimento do diabetes. Fatores hereditários determinam uma maior suscetibilidade das células beta aos vírus ou favorecem ao desenvolvimento de anticorpos auto-imunes contra as células beta e, em outros casos, parece haver uma simples tendência hereditária para a degeneração dessas células.

Uma dieta com excesso de carboidratos, além de favorecer à obesidade, também contribui para o desenvolvimento do diabetes.


O tratamento do diabetes se baseia na administração de insulina,  visando a normalização do metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas.  Os pacientes diabéticos têm tendência acentuada ao desenvolvimento de aterosclerose, cardiopatia coronária grave e múltiplas lesões microcirculatórias.
















segunda-feira, 15 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 3 B - Addison e Cushing

O hipocorticolismo, ou doença de Addison, resulta da produção insuficiente de hormônios córtico-supra-renais.   Essa deficiência é  freqüentemente causada pela atrofia primária do córtex supra renal, decorrente, em cerca de 80% dos casos, de auto-imunidade contra o próprio córtex. Entretanto, também pode ser causada pela destruição tuberculosa das glândulas supra renais ou por câncer no córtex.  Basicamente, a doença de Addison caracteriza-se pela deficiência de mineralocorticóides e de glicocorticóides.


A deficiência de mineralocorticóides, com  aldosterona sendo insuficientemente secretada, provoca a  diminuição da reabsorção de sódio,  com perda desse íon e cloro pela urina, com consequente redução do líquido extracelular.    A falta de reabsorção do sódio provoca hipercalemia (excesso de potássio) e acidose (excesso de H+),visto que esses íons deveriam ter sido trocados pelo sódio. A depleção do líquido extracelular resulta numa redução do volume plasmático e num aumento da concentração dos eritrócitos, com redução do débito cardíaco. A cessação completa da secreção de mineralocorticóides leva o paciente não-tratado à morte dentro de 4 dias a 2 semanas.


A deficiência de glicocorticóides resulta na incapacidade, por falta de secreção de cortisol, de manutenção de glicemia entre as refeições, por insuficiência no processo da gliconeogênese e pela redução dos processos de obtenção de energia via mobilização de gorduras e proteínas dos tecidos. O cortisol insuficiente implica em fraqueza muscular, mesmo na presença de glicose e outros nutrientes, deixando clara a sua importância na manutenção das funções metabólicas dos tecidos.




O portador da doença de Addison, pela incapacidade de ter atendidas suas necessidades agudas de glicorticóides adicionais,   é altamente suscetível aos efeitos de estresse e uma simples infecção respiratória pode levá-lo à morte.


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O Hiperadrenalismo ou síndrome de Cushing é a hipersecreção de cortisol pelo córtex. É causado por tumor ou por hiperplasia dos córtices supra renais (esta por sua vez é provocada por uma secreção aumentada de ACTH (hormônio adeno-corticotrófico) pela adeno-hipófise (lobo anterior da hipófise) ou oriundo de uma fonte ectópica (como por exemplo um carcinoma abdominal)). Esse aumento do cortisol, devido a seu efeito ligeiramente mineralocorticóide, é causador de hipertensão. O cortisol excessivo causa aumento da glicemia, em função do incremento da gliconeogênese. Esse "diabetes supra-renal" leva à exaustão das ilhotas de Langerhans no pâncreas, provocada por uma demanda anormal por insulina, resultando em diabetes melito. O excesso de glicocorticóides aumenta também o catabolismo protéico, com redução acentuada das proteínas teciduais. Além de fraqueza muscular, a falta de síntese proteica nos tecidos linfoides leva à supressão do sistema imune, abrindo a possibilidade de morte por infecção. Ocorre também uma redução das fibras colágenas no subcutâneo, o que deixa os tecidos sujeitos à fácil dilaceração. A falta de deposição de proteína nos ossos provoca osteoporose. 
    O tratamento da doença de Cushing consiste na remoção do tumor.

domingo, 14 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 3 A

3 – Os Hormônios Córtico-Supra-Renais 

A glândula supra-renal divide-se em medula e córtex. A medula da supra-renal secreta os hormônios epinefrina e norepinefrina em resposta à estimulação simpática. Esses hormônios causam uma resposta sistêmica equivalente a uma estimulação simultânea direta pelos nervos simpáticos em todas as partes do corpo. O córtex supra-renal secreta um grupo totalmente diferente de hormônios, denominados corticosteróides.
Os dois tipos principais de corticosteróides são os mineralocorticóides e os glicocorticóides. Os mineralocorticóides afetam especialmente os eletrólitos dos líquidos extracelulares – particularmente o sódio e o potássio. Os glicocorticóides, por sua vez, aumentam a concentração sanguínea de glicose. Exercem também influência sobre o metabolismo das proteínas e dos lipídios.  O principal mineralocorticóide é aldosterona e o principal glicocorticóide é o cortisol, ou hidrocortisona. Ambos são considerados os hormônios esteróides de  maior importãncia no corpo.
A função sem dúvida mais importante da aldosterona é a de promover o transporte de sódio e potássio através das paredes dos túbulos renais e, em menor grau, o transporte de hidrogênio. Os principais efeitos do cortisol sobre o metabolismo dos carboidratos são a estimulação da gliconeogênese hepática (formação de glicose a partir das proteínas), a diminuição da utilização de glicose pelas células e a elevação da concentração sanguínea de glicose.
O cortisol possui efeitos antiinflamatórios agindo sobre a enzima fosfolipase A2, importante para a formação do ácido araquidônico. Alguns tipos de estresse, como traumas, infecções  e cirurgias, aumentam a liberação de cortisol.  A secreção de aldosterona pelo córtex supra-renal é controlada principalmente pela ação direta do potássio e da angiotensina sobre as células córtico-supra-renais.

      A regulação da secreção de cortisol é feita pelo hormônio corticotrópico (ACTH) produzido pela hipófise anterior. A secreção de ACTH, por sua vez, é controlada pelo hormônio liberador da corticotropina produzido pelo hipotálamo. O cortisol circulante produz feedback negativo sobre o hipotálamo, diminuindo a formação do hormônio liberador de corticotropina, e sobre a hipófise anterior, diminuindo a formação de ACTH.