sexta-feira, 12 de agosto de 2011

IX - Endocrinologia e Reprodução - 1

 1 – Introdução à Endocrinologia. Os Hormônios Hipofisários.

Além de estarem sujeitas ao sistema nervoso, as funções corporais são controladas pelo sistema hormonal ou endócrino. 
O sistema hormonal desempenha importante papel na ocorrência das funções metabólicas.  Os sistemas hormonal e nervoso estão intimamente inter-relacionados. As glândulas supra-renais e a hipófise posterior secretam seus hormônios em resposta a estímulos nervosos e os hormônios da hipófise anterior, normalmente, só são secretados em resposta à ocorrência de atividade nervosa e neuroendócrina no hipotálamo.
Um hormônio é uma substância química secretada por uma célula, por um grupo de células que, quando lançada numa junção celular ou na corrente sanguínea, exerce efeito químio-fisiológico sobre outras células do corpo. 
Os hormônios, quanto à extensão de seus efeitos, são divididos em locais e gerais. São exemplos de hormônios locais a acetilcolina, liberada nas terminações nervosas parassimpáticas e esqueléticas; a secretina, liberada pela parede duodenal e levada pelo sangue até o pâncreas, onde estimula a produção de uma secreção pancreática aquosa e alcalina; e a colecistocinina, que, liberada pelas células do intestino delgado, causa a contração da vesícula biliar e também promove a secreção de enzimas pelo pâncreas.
Os hormônios gerais são secretados por glândulas endócrinas específicas localizadas em diferentes pontos do corpo. Esses hormônios são secretados para o sangue, causando ações fisiológicas em tecidos distantes.


Do ponto de vista químico, os hormônios pertencem a três tipos básicos:


1. Hormônios esteróides. Todos esses hormônios possuem estrutura química semelhante à do colesterol e, na maioria dos casos, derivam do próprio colesterol. Existem diferentes hormônios esteróides secretados:
 (a) pelo córtex supra-renal (cortisol e aldosterona), 
 (b) pelos ovários (estrogênio e progesterona), 
 (c)pelos testículos (testosterona), e 
 (d) pela placenta (estrogênio e progesterona).


2. Derivados do aminoácido tirosina. Dois grupos de hormônios derivam do aminoácido tirosina. Os dois hormônios tireóideos, a tiroxina e a trilodotironina, são formas iodetadas de derivados da tirosina. E os dois principais hormônios da medula supra-renal, a epinefrina e norepinefrina, são catecolaminas, também derivadas da tirosina.


3. Proteínas ou peptídios. Todos os demais hormônios endócrinos importantes são proteínas, peptídios ou derivados imediatos deles. Os hormônios do lobo anterior da hipófise são proteínas ou grandes polipeptídios; os hormônios do lobo posterior da hipófise, o hormônio antidiurético e a ocitocina, são peptídios, contendo, cada um, apenas oito aminoácidos. Por fim, a insulina, o glucagon e o paratormônio são grandes polipeptídios.


Hormônios da Hipófise Anterior

1.O hormônio do crescimento causa o crescimento de quase todas as celulas e tecidos do corpo.
2.A corticotropina faz com que o córtex supra-renal secrete os hormônios córtico-supra-renais.
3.O hormônio estimulador da tireóide faz a glândula tireóide secretar tiroxina e triiodotironina.
4.O hormônio folículo-estimulante determina o crescimento dos folículos nos ovários antes da ovulação; também promove a formação dos espermatozóides nos testículos.
5.O hormônio luteinizante contribui significativamente para causar a ovulação; também promove a secreção de hormônios sexuais femininos pelos ovários e da testosterona pelos testículos.
6.A prolactina promove o desenvolvimento das mamas e a secreção do leite. 
  

Hormônios da Hipófise Posterior

1.O hormônio antidiurético (vasopressina) aumenta a reabsorção de água nos rins; em concentrações mais elevadas, também causa constrição dos vasos sanguíneos em todo o corpo e eleva a pressão sanguínea
2.A ocitocina contrai o útero durante o processo do parto; também produz contração das células mioepiteliais das mamas, produzindo a ejeção do leite na amamentação.




Hormônios do Córtex Supra-Renal


    1.O cortisol exerce múltiplas funções no controle do metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios.
    2.A aldosterona reduz a excreção de sódio pelos rins e aumenta a excreção de potássio



Hormônios da Glândula Tireóide


     1.A tiroxina e a triiodotironina aumentam a velocidade das reações químicas em quase todas as células do corpo, aumentando assim o nível geral do metabolismo corporal.
 2.A calcitonina promove a deposição de cálcio nos ossos, diminuindo a concentração de cálcio no líquido extracelular.




Hormônios das Ilhotas de Langerhans do Pâncreas
    
1.A insulina promove a entrada de glicose na maioria das células corporais
2.O glucagon aumenta a liberação de glicose do fígado para os líquidos corporais.


Hormônios dos Ovários

1.O estrogênio estimula o desenvolvimento das características sexuais femininas. É produzido primordialmente pelo folículos ovarianos em maturação (normalmente cerca de 1000 folículos entram em maturação a cada ciclo, embora ocorra geralmente a liberação de um único óvulo).
2.A progesterona estimula a secreção do “leite uterino” pelas glândulas do endométrio uterino; também ajuda a promover o desenvolvimento do aparelho secretor das mamas. É produzido primordialmente pelo corpo lúteo, estágio maduro assumido pelo folículo  após a liberação do óvulo.


Hormônios dos Testículos

1.A testosterona estimula o desenvolvimento das características sexuais  masculinas.


Hormônio da Glândula Paratireóide

1.O paratormônio regula a concentração do íons cálcio no corpo, controlando a absorção de cálcio pelo tubo digestivo, a excreção de cálcio pelos rins e a liberação de cálcio dos ossos.


     Hormônios Placentários

Hormônios como o estrogênio e a progesterona,  normalmente produzidos pelo folículo ovariano e pelo corpo lúteo, uma vez instalada uma gravidez, são progressivamente produzidos pela placenta.

1.A gonadotrofina coriônica humana impede a involução do  corpo lúteo, que normalmente ocorreria no final do ciclo sexual feminino, e estimula o corpo lúteo a secretar estrogênios e progesterona.
2.Os estrogênios promovem o crescimento do útero, das mamas e de seus dutos, da genitália externa, além de promover o relaxamento dos ligamentos pélvicos, tornando as articulações sacro-ilíacas relativamente frouxas.
3.A progesterona promove o desenvolvimento especial do endométrio uterino, transformando-o em endométrio decidualizado, cujas células desempenham papel importante na nutrição inical do embrião. A  progesterona diminui a contratilidade do útero grávido, impedindo que contrações produzam um aborto espontâneo. Ajuda também o estrogênio no preparo das mamas para a lactação.
4.A somatomamotropina Coriônica Humana - Aumenta a disponibilidade de glicose para o feto, reduzindo o consumo materno. Favorece a liberação de ácidos graxos livres da reserva lipídica da mãe. É visto como um hormônio metabólico geral, com implicações nutricionais tanto para a mãe quanto para o feto.


Mecanismos da Ação Hormonal

Normalmente, os hormônios combinam-se com receptores hormonais localizados na superfície da membranas celulares ou no interior das células, desencadeando uma sequencia de reações.

A maioria dos hormônios está presente no sangue em quantidades extremamente pequenas. Por essa razão é praticamente impossível fazer sua detecção pelos meios químicos habituais. Entretanto, existe um método extremamente sensível que revolucionou a dosagem dos hormônios. Tal método é o radioimunoensaio (O radioimunoensaio pode ser utilizado para quantificar hormônios, drogas, marcadores tumorais, alérgenos e anticorpos e antígenos em doenças parasitárias. Há muitas variações, mas o princípio é o mesmo: a quantidade de reagente marcado (antígeno ou anticorpo) quantifica o antígeno ou anticorpo não-marcado na amostra).


O sistema porta-hipofisário é constituído por pequenos vasos comuns ao hipotálamo inferior e à hipófise anterior, unidos através do infundíbulo. Neurônios especiais, situados no hipotálamo, sintetizam e secretam os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores. A função desses hormônios é a de controlar a secreção dos hormônios da hipófise anterior.

A hipófise posterior não secreta hormônios, ela armazena os hormônios que são transportados do hipotálamo através do trato hipotálamo-hipofisário. O ADH (vasopressina) é formado principalmente nos núcleos supra-ópticos hipotalâmicos, enquanto a ocitocina é formada principalmente nos núcleos paraventriculares do hipotálamo.







Radioimunoensaio (Guyton)



O princípio do radioimunoensaio é o seguinte:

Em primeiro lugar, desenvolve-se um anticorpo em grandes quantidades em algum animal inferior, altamente específico contra o hormônio a ser determinado.

Em segundo lugar, mistura-se uma pequena quantidade desses anticorpos com (1) certa quantidade de líquido do animal contendo o hormônio a ser medido e (2) quantidade apropriada de hormônio padrão purificado, que foi marcado com isótopo radiativo. Todavia, é preciso satisfazer uma condição específica: o anticorpo deve estar presente em quantidades insuficientes para ligar-se à quantidade total de hormônio marcado radiativamente e de hormônio no líquido a ser medido. Assim, o hormônio natural no líquido do ensaio e o hormônio padrão radiativo competem pelos sítios de ligação do anticorpo. No processo de competição, a quantidade de cada um dos hormônios - o natural e o radiativo - que se fixa é proporcional à sua concentração.

Em terceiro lugar, após a ligação ter atingido o equilíbrio, o complexo anticorpo-hormônio é separado do resto da solução, e determina-se a quantidade de hormônio radiativo ligado ao anticorpo por meio de técnicas de contagem radiativa. Quando ocorre ligação de grande quantidade do hormônio radiativo ao anticorpo, isso significa que sô havia uma pequena quantidade do hormônio natural competindo com o hormônio radiativo e que, por conseguinte, a concentração do hormônio natural no líquido testado era pequena. Por outro lado, nos casos em que só ocorre ligação de pequena quantidade de hormônio radiativo, é evidente que existia quantidade muito grande do hormônio natural competindo pelos sítios de ligação.

Por fim, para que o ensaio seja altamente quantitativo, o radioimunoensaio também é realizado com soluções "padrão" de hormônio marcado em diversos níveis diferentes de concentração. A seguir, traça-se a "curva padrão",  Ao comparar as contagens radiativas registradas no ensaio original com a curva padrão, é possível determinar, com erro de ± 10 a 15%, a concentração do hormônio no líquido testado. Esse método determina quase sempre concentrações tão diminutas quanto um trilionésimo de grama de hormônio.


















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